Diego está em SP desde ontem à noite. Fim de semana sem o marido não é legal. Para me distrair, vou ao shopping fazer comprinhas. Na volta, dirigindo calmamente pela Av. Catalão, sinto um baque: "puxa... bateram na minha traseira". Tenho medo de descer do carro; estou sozinha. Que Deus me proteja. Desço trêmula. Vejo que, do carro de trás, descem uma senhora e um garoto de aproximadamente 18 anos. Não parecem assaltantes (alguém assaltaria alguém em plena Catalão, à luz do dia de um sábado cheio de trânsito? Creio que não, mas...). O garoto, apavorado, vai logo se desculpando, dizendo que não está habituado àquele carro, que vacilou, etc. A mãe dele parece ainda mais apavorada, pedindo que - na ocorrência - eu diga que ela estava ao volante. "Ele não deve ter carteira" - penso. Como ninguém sabe o que fazer, ligo para o meu pai e peço que ele me encontre na minha rua, já que os dois também moram no Castelo. Meu pai nos acompanha até a delegacia, trocamos telefones e tudo fica acertado.
Acho melhor contar para o Diego só amanhã, quando ele chegar a BH. Ele não vai gostar.
Almoço na casa dos meus pais. Mais tarde, tenho horário na manicure. Resolvo passar em casa antes (não me lembro o porquê) e peço à minha irmã que vá comigo. Ela topa. Ao sair de casa, peço que ela dirija o meu carro, me deixe na manicure e suba de carro para a casa da minha mãe. Ela topa. A garagem ficou estreita? Não! Ela é barbeira? De jeito nenhum! Mas o fato é que, ao tentar sair da garagem, a Thami leva um pedaço da parede e deixa um pedaço da porta do carro. Ela se apavora. Eu rio. Tiro o carro da garagem e penso no Diego: "Será que ele vai acreditar que o carro foi batido duas vezes num único dia e eu não tive culpa em nenhuma das duas vezes?"; "Será que alguém já bateu o carro duas vezes em um só dia?".
Nenhum morto e nenhum ferido. Graças a Deus, salvaram-se todos.
O dia termina bem (hã?). Deito-me sozinha na cama e, entre tudo o que aconteceu, lembro que minha menstruação não desceu. "Bom... é certo que sou um reloginho, mas é o primeiro mês que fico sem meu anticoncepcional e isso pode bagunçar o ciclo um pouquinho.".
Durmo bem.
Domingo, 30/05 de 2010
Acordo disposta. Tenho de fazer compras (não. no shopping não; no supermercado!). Ao abrir a porta de casa, dou de cara com o carro amassado na traseira e na lateral. Rio de novo. Se não foi trágico, só pode ser cômico. Vou ao Carrefour, faço compras. Na saída, vejo a farmácia e lembro que minha menstruação não deu sinal de vida. "Tudo bem que pode ser o ciclo que ficou irregular. Mas um teste é tão baratinho... Vou comprar!". Compro. Guardo na sacolinha.
Chego em casa, descarrego as compras, guardo tudo, faço festinha com a Luna, que acaba de ganhar um petisco recém-comprado e... acho o teste. Decido fazer aquela hora mesmo "Não é a primeira urina do dia, mas não devo mesmo estar grávida... vou fazer.". Dirijo-me ao banheiro. Luna vai atrás e fica na porta, me olhando. Coloco a tirinha no potinho com a urina, lavo as mãos, brinco com a Luna. Volto para dar uma olhadinha: "Vou jogar logo isso fora. Estou com fome. Quero almoçar.". "Peraí... há algo errado com essa tirinha. Estou vendo duas linhas nítidas. Ela deve ser o contrário da maioria." Leio o rótulo, a bula, o código de barras, as instruções e até o slogan da farmácia. Fico sentada no vaso. Rio. Choro. Agarro a Luna e conto a ela que há um irmãozinho na minha barriga. Ela me lambe. Tento ligar para o Diego. Não consigo. A prova duraria a tarde inteira. "E agora? Ele não me perdoaria se alguém soubesse antes dele." Resolvi desabafar só com a minha Luninha mesmo, que é uma cachorra boazinha e não contará a ninguém. Ela fica feliz. Parece entender. Me lambe de novo.
Corro até outra farmácia. Compro outro teste, de outra marca. Duas linhas de novo!
Almoço na casa da minha mãe. Nervosa, quase não converso. Tento ligar para o Diego de 2 em 2 minutos. Tento também o celular do Igor, um amigo que fazia a prova com ele. De vez em quando, vou ao banheiro e dou uma olhada nas duas tiras (sim. levei-as comigo). As duas linhas em cada tira continuam lá.
Bem no fim da tarde, consigo falar com o Igor: "Peça ao Diego para me ligar assim que ele terminar a prova. É muito urgente. Sim; está tudo bem, mas preciso falar com ele. Obrigada!". Diego liga alguns minutos depois. "Amor, estou grávida! Sim. Fiz teste duas vezes!". Ele não acredita. Ou não consegue raciocinar. Diz que já está no aeroporto e pede que eu o espere em casa e não conte nada a ninguém (ufa... ainda bem que só contei para a Luna). Vou para casa. Ele chega logo, mas me parece que demorou uma eternidade. Mostro as tirinhas. Ele fica atônito. Me abraça. Sorri. Fica mudo.
Resolvemos sair e dar a notícia aos nossos pais e irmãs. Me lembro do carro. Ele nem reparou quando entrou. Conto a ele. Ele não dá a menor importância. Vamos à casa da minha mãe. Todos ficam felizes. O mesmo acontece na casa da mãe dele.
Voltamos para casa felizes, diferentes, especialmente encantados. Com um sorriso no rosto, adormeço pensando que aquele havia sido o último fim de semana antes de eu me tornar MÃE. Afinal, embora eu estivesse grávida há 15 dias, foi naquele 30/05/2010 que tudo mudou dentro de mim!
E aqui está o resultado do teste deitado sobre a primeira a saber dele! |